Perdidos na noite
Todas as vozes que me chegam aos ouvidos
são recém saídas de um afogamento,
traidor, desorientador, fracassado
de um amor não mais existente
Penosos corações, ressentimentos magoados
tentam de qualquer maneira serem exorcizados
do passado que os acompanha dia e noite
nos sonhos procuram corações novos
que não tenham seqüelas
é a utopia dos sentidos
pois inexistem corações que não estejam rachados e sofridos
pelo menos onde os perdidos da noite tentam encontrá-los
entornam copos, varam a noite dançando, fumam maconha
tentando esquecer o ontem e renovar um amanhã
como se aquela noite fosse mágica e na pista
fosse afogado todo passado
entre a noite e o amanhecer.
Bebem mais, fumam muito
caminham pelo corredor de paredes úmidas
já com o passo não tão firme
chegam ao banheiro e não conhecem o reflexo no espelho
riem com aquele indivíduo, tentam lembrar quem é aquele imbecil
que não tira os olhos dele
voltam ao salão com uma incrível sensação esquisita nos ouvidos
olham em volta e dão-se conta que a música acabou
na mesa ainda encontram-se os parceiros, bebem mais um pouco
então decidem ir embora e quando abrem a porta
com a camisa fatigadamente molhada
depara-se com um sol radiante, e são meio que vamperizados
pois já não é mais noite e não estão mais perdidos.
Ainda com o teor total de álcool e do tabaco no sangue
saem com êxtase magnífico em seus cérebros
por que o imaginável esta esquecido, por algumas horas.
Um cambaleando cai no meio fio, decidindo-se ir pra casa
ao fechar a porta a vida real toma conta de seu ser
coloca uma música, acende um cigarro, serve um wisky...
Sentado na sala mira sua cama só, fria
isolada ainda de sua embriagueis
a cinza cai no chão os olhos começam a baixar a guarda
a respiração fica mais tênue
recosta-se no sofá como se fosse o colo de uma amada
infla ao máximo os pulmões com uma última tragada
lentamente começa tornar-se lúcido à vida real
levanta-se com o corpo dolorido
caminha em direção da cama
sente frio por sua camisa estar totalmente molhada
e num tropeço cai com a cara enterrada no travesseiro:
instantes lhe sufocam até conseguir virar-se e mirar o teto
os pensamentos começam a se misturar
e acaba adormecendo até um novo entardecer.