Profanos e sagrados
Que belas piadas
nos contaram os santos.
Piadas dos seus tantos pecados,
quando não eram ainda sagrados.
Anjos nem sempre tiveram asas,
nem sempre habitaram
celestiais moradas.
Eles andaram entre nós.
Por isso, nunca nos sentíamos sós,
como nos sentimos agora.
Nos cutucavam e nos sorriam.
Nos acariciavam e nos feriam.
Santos e anjos, éramos todos.
Por isso, bonés em lugar
de auréolas.
Por isso, as costas coçadas.
N'algum estranho momento,
nos perdemos.
E nem nos lembramos mais.
Saudades das asas.
Saudades da perdida fé.