NOVOS TEMPOS

Saudemos os novos tempos

Os próximos passos já iniciados

Vislumbram tempos bravamente defendidos.

É a primazia da consciência de que somos mais fortes

É a certeza que unidos nada nos derrotará

Bombas?

Que atirem

São pagos para nos atacar e o fazem com risos nos lábios

E se esquecem que são lacaios

Vermes a serviço da besta humana

A humana besta a escorrer pela boca o sangue do trabalhador.

Não!

Não, não nos curvamos ante a espada pronta a atingir nossas cabeças

Não viramos as costas ao morador de rua

À prostituta

Ao pedreiro

Não os entregamos ao delegado.

Não!

São nossos irmãos

Somos igualmente menosprezados, abandonados ao caudilho de plantão.

Fora!

Fora ladrões do povo

Fora rufiões seculares

Fora mil vezes

Bestas feras sanguinolentas.

Arre!

Arre às boas maneiras

Pra lá com suas maneiras refinadas

E palavras bonitas

Nojo, sinto nojo.

Saiam lobos!

Saiam aves rapineiras

Devolvam o cálice d'água surrupiado

Criaturas vilânicas e abjetas.

E a flor mostra suas cores

Atrai o beija-flor e a abelha

E o mel alimenta o faminto

Novos tempos.

Saudemos então, o amanhã

Louvemos o ventre fértil e a gestante

Novos tempos.

E o caudilho não repousará o sono dos justos

Não se lhes terão à lembrança o povo

Novos tempos.