Cais.
Brademos em uníssono todos nós que ficamos no cais,
assistindo a partida dos nossos amores.
Agitemo-nos como as ondas
de nossos peitos em naufrágio.
Como pode haver beleza no adeus?
Se nossos gritos não alcançam a embarcação que leva-os
Se nossos curtos braços, são nulos e não mais enlaça-os
Se sucumbimos na espera que traz a noite,
apagando a paisagem do horizonte.
E nós ficamos no cais silenciosamente,
nossos sonhos tomados por piratas errantes,
e nossos corações a caminhar nas pranchas
de uma solidão que pilha as esperanças.
Agora do cais vemos somente a névoa
que encobre nossos olhos,
fazendo de nós apenas faróis adormecidos.
Cristhina Rangel.