Metamorfose
Eu nasci passarinho!
Virei gente só depois;
Acho que aos seis anos,
Quando senti, assustado,
Que me doutrinavam.
Lembro-me ainda
Da agonia das noites
Com o vôo proibido,
Da agonia das amarras,
Que me partiam as asas.
Dias difíceis aqueles,
Nos quais me tornei, forçado,
Um bípede qualquer,
Com uniforme azul e branco
E alguns cadernos inservíveis.