MINHA ESTRELA
Noite de silêncio, alma tormentosa.
Verão, quente, queima mais dentro que fora.
Ventos que não alentam, sopram por outros rumos.
Nem as folhas da palmeira acenam.
Olho pela janela o vazio da noite,
Olho o céu, lua clareando do outro lado.
As nuvens foram serenar no nordeste.
As estrelas estão contentes, brilhantes,
Belas, encantos, todas elas.
O olhar vagueia, extasia.
Umas são amarelas, ou tons de azul.
Outras ainda se vestem de verde transparente.
Não adianta todas são multicores.
Decido uma escolher .
Procuro na beleza do impossível.
Esta será a minha estrela.
Acho que todos viventes fazem assim.
Pronto! É aquela, meio escondida.
Não a quero aparente.
Vou dar-lhe um nome, mesmo que já o tenha.
Creio que estrelas têm som.
Logo penso na harmonia das notas musicais.
Vou chamá-la de Dó, a primeira.
Mas Dó induz pensar em pena, sofrer.
E ainda é a nota de som mais grave.
A minha estrela é mais suave.
Então será Ré. A segunda, menos grave.
Mas na justiça Ré é criminosa.
No carro é andar para trás.
Não, assim não é aquele ponto de luz.
Então será Mi. A terceira nota.
Mi, pois não quero a Fá.
Fá é vizinha do Sol, também estrela.
Estrela que no dia ofusca as demais.
Portanto Mi. Estrela distante.
Fulgurante, pulsante, vibrante.
Estrelas, feitas somente para vê-las.
Impossível tê-las.
Mas muito, muito bom sabê-las.
Divinópolis, 21-01-2011