VIDA FEITO SINA
Para além a estrada infinda
Reinicia tão logo o primeiro passo avança
E não descansa, quer chegar ao destino
De fartura nunca será, sabemos
És esquecido à comida para muitos abundantes
Que esfregando o umbigo no balcão do padrinho
Tira da boca do povo enganado com promessas vis.
Nasceu com a sina nordestina
Todavia, sem água nem pia
Não lastima sua vida severina.
Ao padre Cìcero reza todo dia
Ser religioso outra sina nordestina
Que na falta da terra que racha e quebra
Apela ao céu que teima nessa mania.
À morte se condena Severinas e Joãos
Há séculos por bafões e rufiões
Nem vintém não tem
Digam lá, se tostões
E assim se atiram à terra, Severinas e Joãos.
É a vida nordestina
Grudada na pele feito sina
Que nasce e nem com a morte termina
É a triste vida severina
Que não importa, se menino ou menina
Basta ser nordestina.