Da prisão maior do mundo

Prólogo

Notei: Não há maior prisão do que o mundo e sua infinitude redonda e contaminante.

Mas fiz saber: Que [se] ou [me] rasga em fogo, me derreto em pranto e apago a vela que me acenderam.

Concluí: É porque me fui e restou o corpo a ser velado, força oposta e venenosa que me embriaga.

Se me vejo longe é nada mais agora em mim do que a sede de não ser.

Não ser, pois que a essência desta encontrou a mesma inquietude de Iaiá, mas que a juventude me tomou os pesadelos da velhice, ou seria o contrário?

Talvez se deva ao fato do querer e da conspícua vontade de ser sempre mais, ainda que agora não o seja, visto que sou sempre menos. Subtraí da vida o mínimo que ela que ela tinha, mas o máximo que pude suportar; Fisicamente comprovaria estas forças como opostas magneticamente, que assim seja.

Mas agora o que se passa é só distância do que fui e do que queria ser, pois os nervos anímicos não me deixam além da natureza.

Moralidade que me corrompe, vontade que me invade, grito que se representa

[ Parece lema de revolucionário, é apenas choro.] -- É só tristeza.

Se hoje fosse o grande dia deixaríamos Cecília e a despedida [que me encanta] de lado e eu seria, apenas, moralidade corrompida.

Os momentos são sempre novos, são outros; a ordem me controla, mas a rotina me consome e só agora passo a entender Augusto e Fernando em seus tédios boêmios.

Vida outra que passou, mas não senti, que não sinto, nem ouço, que reclusa em mim é só tristeza.

Que se me alimento não é por outro senão pelo dia, dado que amanhã em mim é fúnebre.

Perspectivas poucas que ruem todo e cada dia mais com a rotina da desordem.

É o caos tardio. Na psicologia haveria de chamar de "estado de choque", mas cá para nós, é o caos tardio.

Às vezes não dá vontade de lamentar a hora, às vezes é ruim lamentar na hora, sendo às vezes ruim lamentar hora. É, portanto, o caos ainda que tardio.

Música morta que me segura, melodia grave, soneto fúnebre em dó menor. Poema da alma sombria que não suportamos.

Fale mais, fale longe, pois que quando a distância se fizer efetiva isso tudo se apagará.

Seremos fios finos e fracos.

Reclamo, pois quero sentir, quer ser briga hoje para me ouvir, quero gritar, pois sussurrando nada mudou a não ser o lado que me deitei na cama a chorar.

Não paro. Nem hoje, nem por aqui e se este texto se encerra, assim o é pela escassez de recursos que me valho, mas a alma dele? Em mim ecoa....

Ísis Almeida Esth
Enviado por Ísis Almeida Esth em 22/01/2011
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T2745656
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