Mãe, minha riqueza indo embora.

Hoje vive no teu mundo secreto

Com o olhar perdido no vácuo do infinito

Em vão tentamos apertar o conhecimento da medicina

Mas na ressaca ou na calmaria, minava a base o inimigo tredo

Cercado de tristeza, vi o meu ouro precioso

desbotando desta vida sem que eu pudesse polir

murmurei de ser seu enfermeiro sem profissão

Carregando em cadeira de rodas pra lá e pra cá

Dormindo em caixa de ovo

Onde seu sono de noites compridas

Tratando das feridas sem cura como sombras mortas

Onde um dia trocou minhas fraldas

E hoje as troco em troco,

Tratada na boca como filhotinho de sabiá,

e assim vai tombando ao peso do fracasso da velhice;

E a saudade vem se aproximando para ocupar seu lugar,

e sem piedade de quem vai ficar.