Do Varal
Quando o céu muda de cor,
Deixa pra trás o azul que antes cintilava...
Anuncia sua nova veste marrom-dourado.
Borboletas libertam-se de mim.
De meu estômago antes prisioneiras, de um pensar, um embrulho, um calar...
Buscam agora o vermelho da madrugada.
Deixam pra trás o vai e vem do dia-a-dia.
Se desfazem da correria que as adormecia,
Suas negras asas se soltam, em uma abertura de tom fosco.
Percorrem estradas pelo meu ser,
Cruzando meu imaginário.
Afastam-se da multidão, do eles, do elas, do nós, de todos.
Me encontro em mim mesma e sou apenas eu.
Ofuscam-me as luzes de suas asas,
Que tilintam sob o arco-íris,
Rodeando meu quintal entre a grama,
Repousando em meu varal.