MORREU

Hoje amanheci grávida de poesia,

de peito aberto para os versos.

Logo, aos primeiros raios do sol,

abri minha janela, para que o dia entrasse sem cerimônia.

Invadisse minha vidinha bem organizada,

quiz dar uma de poeta e me danei,

o despertadore me avisou sonoramente,

que rouxinol também come ,

corri a preparar o café da família.

Quando pensei novamente nos versos,

o sol lá fora me avisou sorrateiro,

que com certeza chegaria atrasada.

Corri a ganhar o páo de cada dia.

No trabalho num momento de desafogo,

tentei os versos novamente, mas ante passei os olhos no jornal

me danei de vez. A realidade desumana, me arancou tudo

desnudou minha alma e transformou meu ensaio em indignação.

Cá estou eu falando de novo, falando do que não posso,

isto porque a poesia morreu no nascedor.

Maldito jornal! me fez voltar pra casa de mal com tudo.

Bem feito pra mim, ou se é doido ou não, pirei!

E tome zeros de ódio, miséria, fome, morte, uivos,

como poetar depois de tanto veneno?

Engoli minha loucura, estufei o peito,

num assomo de raiva dormi.

Arabela Figueiró
Enviado por Arabela Figueiró em 20/01/2011
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