MORREU
Hoje amanheci grávida de poesia,
de peito aberto para os versos.
Logo, aos primeiros raios do sol,
abri minha janela, para que o dia entrasse sem cerimônia.
Invadisse minha vidinha bem organizada,
quiz dar uma de poeta e me danei,
o despertadore me avisou sonoramente,
que rouxinol também come ,
corri a preparar o café da família.
Quando pensei novamente nos versos,
o sol lá fora me avisou sorrateiro,
que com certeza chegaria atrasada.
Corri a ganhar o páo de cada dia.
No trabalho num momento de desafogo,
tentei os versos novamente, mas ante passei os olhos no jornal
me danei de vez. A realidade desumana, me arancou tudo
desnudou minha alma e transformou meu ensaio em indignação.
Cá estou eu falando de novo, falando do que não posso,
isto porque a poesia morreu no nascedor.
Maldito jornal! me fez voltar pra casa de mal com tudo.
Bem feito pra mim, ou se é doido ou não, pirei!
E tome zeros de ódio, miséria, fome, morte, uivos,
como poetar depois de tanto veneno?
Engoli minha loucura, estufei o peito,
num assomo de raiva dormi.