A fórmula perfeita: completa, secreta.
A forma predileta de ser tão imperfeito,
tudo é tão incerto e a gente não aceita,
não tem receita: viver é por tentativa,
uma alternativa do que é ou não é feito
e o que é desfeito recolhe-se a esmo
para si mesmo, por si mesmo.
E assim mesmo
refazer tudo o que não tem mais jeito
é assim como adejar em esquecimentos.
Não aceito esse jeito de me iludir,
se preferir, deixa-me ir, tenho que partir,
que é o jeito mais perfeito que tenho e sou
estar sempre de partida, sou sempre a ida,
e não há volta, nem escolta, nem revolta.
Viver não tem remédio: é um tédio!
Viver não tem solução: é opção!
Viver é andar sempre na contramão,
a vida sempre se dá pela metade,
metade erro e metade acerto
e metade eu não tento
e nem tenho nem a metade do medo
que devia ter, metade da coragem,
não me desconcerto nem me desconcentro,
não sou o centro, sou o que não se faz perto
sou a mais inimaginável das distâncias...
E esse aperto da existência não tem sentido,
o preferível no viver é não perceber
essa ação danosa e certa do tempo.
Prefiro mesmo não querer saber
o que fazer de todo o sentimento...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/01/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2737836
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