TANTO TEMPO!
Há quanto tempo eu não me vejo!
Nem me olho em meus olhos,
não me perco em mim mesma,
quanto tempo não me vejo no espelho,
a olho nu, notando rugas, notando falhas
me repreendendo ou me felicitando.
queria tanto estar comigo, pensar em mim,
eu nem me questiono mais!
Vou levando meu corpo loucamente,
nesta voragem triste, quase sem razão,
Nunca mais ouvi meu coração,
sei apenas que bate como relógio
e que pode parar a qualquer momento,
me levando pela última vez, sabe Deus pra onde.
Agora nesta fila, enorme olho em volta...
vejo olhos resinagnados,
cabelos desalinhados, cara de dor, de desabrigado.
Olho para mim mesma neste momento,
que encontro patético, quase não me reconheço,
vontade de fugir de tudo que me aprisiona,
jogar fora a carteira assinada
e como cigarra vadia, voltar a cantar.