A MAGA DO AMOR...


Ela voava...não porque tivesse

asas...

mas porque tinha uma moto

que amava.

Adorava cavalgar, e era isso

isso que fazia.

Hoje, agarrado firmemente à

sua cintura

sentia-me como se estivesse

num tobogan,

deslizando com ela num forte

vento frontal.

Ela adorava sua moto...a mais

barulhenta do bairro,

e quando ela passava todos diziam:

olha...é a maga que vai pegar a

autoestrada.

Hum...eu seguia bem agarrado

a ela, mesmo nos

trepidares e saltinhos que a moto

dava

mas uma coisa eu desejava : ainda

estar vivo para amá-la

loucamente como ela gostava.

Ela nao era só a maga da moto...

nada disso,

pois fazia pista de corrida em todas

as ruas do bairro,

e ninguém fazia racha com ela...

porque perdia.

Sua moto era vermelha fogo...

como ela...

e no paralama havia um decalque

de uma

caveira bem feia,

para confirmar que ela nao temia

a morte.

Eu também não temia...mas na

moto, sem querer, eu tremia,rsrs.

Eu seguia agarrado firme...e nunca

me firmei tanto,

até que depois de uma curva,

ela diminuiu a marcha,

repentinamente,

à velocidade cruzeiro.

Comecei a relaxar e esquecer que

estava

cavalgando a moto com ela.

Depois entrou numa rua, saiu numa

outra,

deu a volta por trás e entramos

numa rua sem

saída, completamente deserta

e sem casas.

Ali só havia chácaras...e mais

chácaras.

E gente mesmo...isso nem se

via por ali.

No fim da rua ela parou a moto,

e pôs seu pezinho no chão.

A moto nao era pesada...pois ela

detestava

aquelas grandonas que para empurrar

precisava-se

logo de dois fortões...rsrs.

Desci...da garupa...como se estivesse

descendo

de um cavalo bravio,

porque para dizer a verdade a moto

só faltava empinar,

porque de resto a maga fazia de tudo

com essa

moto que a chamava de meu

xodózinho ....

e cada vez que isso acontecia

eu pensava :

porque ela nao me chama de

queridinho ?

Para mim ela reservava uma

palavra mais amorosa....

pois me chamava de menino,

já que reconhecia

em mim as arteirices todas.

Ah...sim...eu era o seu arteiro, mas

o que ela

nao sabia é que eu era também

o seu arqueiro

pois uma flecha já havia sido

lançada....

tudo para que uma oportunidade

nao fosse perdida :

a de amá-la.

Havia momentos que ela se

irritava,

e me dizia: amigo atrevido ...

comporte-se

eu não te dei toda essa

liberdade não.

Então eu me comportava atendendo

a seu pedido,

mas só por uns dez minutos,

claro...rsrs.

No fundo ela se divertia comigo.

Porque ela já tinha o seu homem

querido.

E eu já tinha a minha mulher

querida.

Havia entretanto...algumas

sombras.

Alguns desejos ocultos da

outra vida, talvez.

E por isso eu mexia com ela,

e ela mexia comigo.

E nos mexiamos bem...porque

já estávamos

de novo sobre a moto.

E o que sobrava para nós era

apenas um vento forte

que varria nossos rostos...

acalmando nossas paixões...

que como ela mesma dizia:

paixões avassaladoras...

que se eu dela provasse,

jamais voltaria ser o mesmo,

porque ela era uma maga...

conhecia a poção certa.

Dela... eu não escaparia jamais !

Maga...Maga...

Quién sabe un día...la poción tú

la hagas, no es verdad ?

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Autor: Cássio Seagull

Prosa poética que fiz em 17-01-11/22h/SP

Lua crescente - sol e chuvas - 29 graus

Beijos e abraços para você...Boa terça.

cseagull2@hotmail.com

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