Ciranda familiar
O vento fumou meu cigarro. Eu vejo dia após dia, ano após ano os móveis se desgastarem e as telhas apodrecerem. Chove torrencialmente sobre nossas cabeças e enquanto o céu despenca a roda da fortuna nos convida a jogar.
E brincar contra o tempo é só o que podemos fazer. Lutamos uma batalha a qual estamos destinadas a perder. Roda a roda e caímos sobre a terra, desnudas e humilhadas com os cabelos arrancados e olhos avermelhados. Roda a roda e subimos à sombra das árvores, esperançosas nos vestimos e sem maquiagem nos apresentamos. Roda a roda. Descemos para o nada, lugar não imaginado, não pensado, pouco estado, povoado por aqueles que mal são. Roda a roda e tombamos sob o chão.