[Lágrimas Soltadas]

Silêncio na grande sala vazia...

E eu escoo pelos acidentes

deste rosto triste, cansado...

[o que mais há sobrevir a este rosto,

quantas marcas hei de percorrer...]

Às vezes, paro nos lábios trêmulos,

deixo ali o meu sal de lembranças;

às vezes, venho com intensidade,

passo dos lábios, caio na secura do chão.

Ah, que triste é chorar sobre a secura!

Afinal, eu sou mais que um cisco

nos olhos de quem nem conheço;

sou a exsudação de feridas n'alma

de alguém que me chora assim,

copiosamente, como se tivesse amoníaco

vaporizado em seus grandes olhos úmidos...

Chora-me para os ralos da sua vida,

verte-me sobre as trilhas das perdas...

E para quem se ocupa de diferenças vãs,

sou lágrimas não soltas, mas soltadas...

[Penas do Desterro, 16 de janeiro de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 16/01/2011
Reeditado em 02/04/2012
Código do texto: T2733523
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