Entorpecimento
Encontro-me em desabrigo
Não tenho lar, nem igreja, nem paz...
Sou da luta e vivo a ermo
Essa estrada me conduz ao nada
Prefiro caminhar na tempestade
Ao encontro das almas em subidas
Quero deparar-me com a tormenta sombria
A ter que sufocar-me das mentiras perversas
Bastam-me as agruras da alma
Minha religião mora em mim...Sou eu
E leva-me da escuridão aos insondáveis mistérios
Trazendo-me,à tona, a realidade maldita
Atirando-me aos escombros da sorte
Resgata-me à fonte sonhada, mas... seca...
vazia, sem dar-me de beber
A sede invade todos os meus sentidos
E, exaurida, agarro-me às vertentes
Ainda, fluindo, sorvo da rara água cristalina
A transformar esse corpo inerte
na levitação dos anjos
Ressurjo aos céus e renasço nas grutas...nas cascatas
E nas enxurradas dos rios tempestuosos
Da ribanceira o retorno à orla do meu caminhar