HUMANO
Ah, minha humanidade incompleta
Não se finda porque sempre recomeça
E a esperança no novo dia, irradia raios de Sol
E se aquece no outro meu semelhante
Nova face do novo Homem que aguardo ansiosamente
E um riso escapa e é notado e rompo o silêncio
Outrora dominante frente ao desconhecido
Porque já tomado da luz solar
Fortaleço-me e de renovada energia
Saio andarilho como meus antepassados
E repouso à sombra da árvore, calma e serena
E me desfaleço em sono infantil, já não quero acordar.
Ah, tivesse eu o segredo do universo
Soubesse a fórmula da felicidade
Tivesse a receita da vida sem sofrimento
Confesso, não saberia o que fazer
E certo da minha incerteza que é inconteste
Não repudiaria meus delatores, nem tão pouco os perseguiria
Porque humano que sou e sujeito a acidentes
O que me faria mais feliz?
E o barco avança o oceano
À frente tempestade se avista
E previsto pela ciência desdobramentos nunca vistos
Recorre à crença secular e à mítica
E o barqueiro se atira às águas e lá permanece
E o canto da sereia embala seu sono, e já não quer acordar.
Jazem na memória tempos a muito vividos
E o ancião outrora criança brincava nas cristalinas águas
E o canto das lavadeiras que embalava em cantoria
Os dias da criança em estripulia que nas águas fazia.
Hoje não tem as lavadeiras
Hoje as águas são correntezas
E as cristalinas águas turvas ficaram
E lágrimas os olhos do ancião derramaram.
Ah, minha humanidade incompleta
Não lamenta o que está por vir
Porque sabe que é assim e deve ser
Sendo humano e sujeito a acidentes
Apreende da vida o que essa ensinar
E junto aos seus caminha e felicidade no rosto
Não ignora que deles é mais um
E juntos enfrentam a procela do mar da vida
E o canto da sereia, apenas mais um canto
E no recanto da fraternidade que lhes é símbolo
Vivem há séculos e sempre juntos.
E humano que sou vivo assim e sem lamentos.