Corações

(Cinza e enferrujado, como o dia de finados.)

O dia seguinte sempre é muito diferente.

E esvaziei meu olhar nas linhas daquela conversa,

muito pouco consistente...

Relendo as intenções de um coração sem amor,

em palavras que me afastam por pura ironia,

quando não deseja mais a minha companhia

mas precisa me deixar no avesso.

E odeio me sentir frágil, indefesa, como no começo.

Então o dia nublado é providencial e me afogo em minha cama,

escondendo-me do óbvio, indagando-me do meu valor...

Tento jogar tudo pra fora, ferindo-me por dentro

numa agonia oculta que só revelo escrevendo,

o que antes, só fazia por amor.

(E o que vejo e leio, além do que sinto, é pura sina,

ganhando força no passar do dia,

explodindo o coração e a minha retina.

É assim, quando se pode escolher...

entre tantas linhas, possibilidades imensas.

Como sentar-se em uma cervejaria e pedir

água e pão. Fazer chover bolhas de sabão

quando o calor pede nuvens intensas.

E não abrir mão do que é seguro,

daquela que pela vida o segue acompanhando,

é reter no coração o amor que te serve pra nada,

ao sonhar com o amor que foge voando.)

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 10/01/2011
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2721028
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