Corações
(Cinza e enferrujado, como o dia de finados.)
O dia seguinte sempre é muito diferente.
E esvaziei meu olhar nas linhas daquela conversa,
muito pouco consistente...
Relendo as intenções de um coração sem amor,
em palavras que me afastam por pura ironia,
quando não deseja mais a minha companhia
mas precisa me deixar no avesso.
E odeio me sentir frágil, indefesa, como no começo.
Então o dia nublado é providencial e me afogo em minha cama,
escondendo-me do óbvio, indagando-me do meu valor...
Tento jogar tudo pra fora, ferindo-me por dentro
numa agonia oculta que só revelo escrevendo,
o que antes, só fazia por amor.
(E o que vejo e leio, além do que sinto, é pura sina,
ganhando força no passar do dia,
explodindo o coração e a minha retina.
É assim, quando se pode escolher...
entre tantas linhas, possibilidades imensas.
Como sentar-se em uma cervejaria e pedir
água e pão. Fazer chover bolhas de sabão
quando o calor pede nuvens intensas.
E não abrir mão do que é seguro,
daquela que pela vida o segue acompanhando,
é reter no coração o amor que te serve pra nada,
ao sonhar com o amor que foge voando.)