Existimos! Sabemos disso.
E deixaremos de existir, isso sentimos,
a plena consciência dessa efemeridade
atira a vida no inevitável dilema,
não ser e saber da eternidade.

Queremos! E podemos isso.
Queremos o que não temos
e o que nem nunca vamos ter
e tudo aquilo que não sabemos se existe.
Temos uma ideia vaga do que vimos a ser
e o vago da ideia de ser não resiste.

Morreremos! Sentimos isso.
Próximos ou distantes do momento,
haveremos de sentir isso no tempo,
quando tudo é eterno ou só um instante.
A efemeridade incrustada na eternidade,
sentiremos quando há e quando não há tempo
e no antes e no depois, um silêncio durante.

Amamos! Sofremos disso.
Como quem procura a metade de si mesmo
e tem que seguir incompleto e insatisfeito,
a mercê de uma estranha saudade a esmo,
sedento de si mesmo tão imperfeito.

Amamos! E dói mesmo isso.
Não escolher, não decidir,
não ter para onde ir, nunca,
nem como se esconder, lugar nenhum
e não ter como fugir de modo algum.
Somos acometidos de amor,
o dilema inevitável de um dilema.
De amor somos possuídos,
feitos, desfeitos, refeitos,
de amor somos contrafeitos,
não por sina e nem por gosto,
amamos mesmo a contragosto.

Amamos! Apenas isso...
Amamos por saber amor,
por sentirmos a saudade e a dor
e a delícia desse imenso labirinto.
Antes de morrermos, sofremos disso,
a saudade, a distância, o deserto,
a imensidão, o vazio, o abismo,
a morte, a vida, a sorte, efemeridade
a noção nenhuma de eternidade.

E eu te amo
e sinto que só existo por isso,
existo somente com isso,
existo somente para isso...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 07/01/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2713947
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