Fuga rápida
Ah! Como teria sido bom fugir de casa
Todo menino, mesmo feliz, um dia sonha em fugir de casa,
Nem que seja por pura molecagem.
Menino tímido, não fugiu
Por isso perdeu muito da ousadia necessária para a vida.
Mas chegando à velhice, a esperança continua
Nem que seja apenas por uns três dias, reflete
Escondido, quem sabe, num Hotel campestre.
Assim, pensa ele, não corre o perigo de morrer.
Pois foi o que aconteceu com Tolstoi, ainda se lembra
Que, aos 80 anos, fugiu de casa, de verdade.
E o velho arteiro morreu numa estação de trem.
É o que nos conta Mario Quintana, o magistral poeta .
Que coisa, continua tímido
É preciso fugir de casa e a hora é essa!
Calma, gente, está tudo bem com o nosso velhinho
É que é comum à beça
Este sentimento de liberdade que todo mundo tem
Preso dentro do peito e querendo sair de qualquer jeito.
Acordou sobressaltado, janela do quarto batendo forte
E o vento assobiando nos seus ouvidos, chegou a ouvir,claramente:
“Você ainda não sabe que neste mundo só a poesia pode ser livre?”