A Cada Gota
Enquanto a chuva cai serena ouço o remoer da minha pena. Sinto meu coração pulsar com sofreguidão. Eu me lembro dos momentos fabulosos, onde nós dois jubilamos nos gozos supremos que nos concedeu o amor; mas hoje sinto que a solidão e a dor fazem de mim um eterno escravo e cada guerra que em mim travo faz doer, doer e doer porque tendo te esquecer. Tufões de lembranças felizes fazem-me pensar nas cicatrizes. Curto meu desespero sôfrego anelando um abraço, perguntando-me uma porção de porquês no vago espaço, cheio de embaraço e, trôpego, sem razão não sei o que faço.
A cada gota pequena que cai no telhado consigo sentir o quanto que estou magoado, desprezado, desdenhado e o quanto desejo um amigo, um amplexo terno que me tire deste inferno em que sigo por obrigação do Destino, por persuasão do inimigo. E eu ligo! Mas, deixo para lá... A vida passa... O tempo passa... e a minha desgraça está no deixar... Deixar maldito!... Deixar inaudito!... “é que dói amar”, penso comigo (tudo enquanto a chuva cai no abrigo).
A cada gota de chuva serena é um pranto de minha alma tão pequena que esperneia aqui dentro, porque deseja ser centro: centro de teu coração e pensamento na alegria, nostalgia ou no tormento... dói... dói... dói... corrói... porque novamente não estou coeso e assim permaneço no costume sem estar surpreso.
05/01/2011 20h36