Triste humanidade que anda perdida
atrás de telas luminosas, escondida.
Em tuas cidades tão ermas de ruas,
Em teus países cujas fronteiras nuas
desaparecem na privacidade invadida.
Agorafobia, agora a mania de não ser
real ou factível, mas virtual e fictício.
Gigantes e sábios intocáveis,
impermeáveis...
Atiram palavras e se escondem,
criam verdades em que não acreditam,
enfentam inimigos com dedos e teclas
e não dão as caras, não dão os nomes.
E não amam nem a si mesmos,
apenas a ideia vaga que de si mesmos fazem...
Triste imagem!

Amor.
A palavra mais usada, mais gasta, mais desperdiçada,
mais banalizada, mal analisada e interpretada,
a palavra tornada dentre tantas a mais fictícia.
Amor. Que é o amor que é amor?
Digam-me poetas e filósofos!
Expliquem, cientistas e doutores!
Pois quem não ama sabe o que é,
mas só quem ama não sabe
E quem não sabe do amor se deixa,
quem não sabe apenas sabe que é
Amor e nada mais...

E lhes pergunto
Amor é conveniente acordo mútuo?
Quero o desencontro do amor inconveniente...
Amor é decisão racional e ponderada?
Quero me perder na irracionalidade de não decidir,
deixar o amor ir e vir e simplesmente existir...
Amor é ocupação, passatempo ou ofício?
Sou um vagabundo e o amor está no mundo,
nos lugares mais inóspitos e inesperados,
está no grito dos desesperados, dos desajustados,
está nos olhos dos sonhadores que sonham acordados
e no peito dos amantes mais despreocupados...
Amor é ciência exata, fórmula matemática?
Quero errar nas contas, meu amor, sempre
e sempre te amar demais da conta,
esse amor sem medida, sem saída,
quero me perder sempre ainda mais...
Eu só quero te amar demais!
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 05/01/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2709828
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