Versejar é preciso, amar a qualquer preço, não é preciso
Olho para os quatro cantos do lugar onde estou,
e vejo que está tudo no seu devido lugar.
Nada há para ajeitar,
consertar, reclamar...
Muito pelo contrário.
Fecho os olhos, faço uma prece e agradeço,
é uma prece sincera, singela.
Não se trata de reclamação mas falta emoção,
paixão, tesão.
Não estou reclamando, não!
É só uma sensação de falta, de marasmo,
de tédio, de nãos...
Sim, o coração não dispara mais...
Sim, a noite cai, o dia vem,
e eu aqui à espera de alguém...
Sim, não é fácil ter este alguém apenas
nos sonhos, nos devaneios, na fantasia,
restando ao fim de tudo isso,
apenas a melancolia.
Não, não se trata de tristeza, não!
Pois como bem já disse o poeta:
“de que solo germinarão nossos versos,
senão do solo da saudade, da solidão,
da sofreguidão”,
que acalenta nosso coração,
como um bálsamo que nos anestesia e acalma,
enternecendo por fim nossa alma,
fazendo brotar dela o melhor que ficou
desse turbilhão que vem como a correnteza
suja e devastadora,
mas que termina encontrando o grande lago
da existência,
que de tão grande , termina por vencer a contenda,
filtrando com sua grandeza as vicissitudes
da vida,
predominando por fim a pureza,
já que o bem, o bom, o belo, o verdadeiro, o puro...
são a essência.