Foto do Relógio de minha sala
OLHAR ANTIGO
Na parede da sala
duzentos anos me espiam.
Me espiam e me dizem
com seu movimento pendular:
_Ainda vivo e verei mais gerações
a ouvir o meu tic-tac monótono, suave...
Suas batidas lembram a sensibiidade de meu avô,
colocando feltro nos martelinhos
para não incomodar os ouvidos.
Meu tio e meu pai
continuaram a cuidar da máquina
como se fosse ela um coração humano.
Minha tia não se descuidava de manter-lhe a vida,
cuidadosamente dando-lhe o alimento necessário_ a corda.
Hoje, por vezes, dele me descuido
e sinto seu olhar triste pedindo ajuda.
Ele, o relógio bicentenário,
marca o tempo,
comtempla a vida
guarda histórias...
......................................
Relógio
Meriam Lazaro
Ó relógio, tens a fome
Das horas que apressam o tempo...
Já não sabes que é o agora,
Do amanhã, esquecimento?
Suspenso em teu próprio peso,
Vês da casa o itinerário,
Do carrilhão a leveza,
Da História o abecedário.
Tu pontuas na parede,
Com teu olhar arbitrário,
A fome de quem tem sede,
A corda do calendário.
Ó tic tac sem alma!...
Que imita meu coração,
Teu pêndulo só não cala
No peito esta solidão.
Relógio
Meriam Lazaro
Ó relógio, tens a fome
Das horas que apressam o tempo...
Já não sabes que é o agora,
Do amanhã, esquecimento?
Suspenso em teu próprio peso,
Vês da casa o itinerário,
Do carrilhão a leveza,
Da História o abecedário.
Tu pontuas na parede,
Com teu olhar arbitrário,
A fome de quem tem sede,
A corda do calendário.
Ó tic tac sem alma!...
Que imita meu coração,
Teu pêndulo só não cala
No peito esta solidão.