MÃE
Mãe
Queria tanto vê-la caminhando para mim, como tantas vezes... Talvez eu soubesse correr e abraçá-la como não fiz quando tive tantas oportunidades. O mundo me chamava para as ilusões. Essas coisas passageiras para as quais eu tinha pressa. E eu corria, e quem sabe, quantas vezes deixei você de braços abertos e corri para os braços de outras mulheres, sonhos que apenas deixaram um vazio na minha alma. Mas a perfeição da criação divina coloca pedras sobre pedras, para que o peso me faça olhar para trás, quando meus filhos repetem meus gestos e eu não posso culpá-los porque se olham nesse espelho.
Hoje,mãe,o tempo te quer sobre a cama, mas você ainda encontra forças para me tocar, e as vezes aperta com esses dedos desgastados, quase imóveis, e eu sinto que quer dizer-me alguma coisa, ou apenas sentir a minha presença, porque seus olhos se perdem no vazio do seu silêncio. Um silêncio,mãe,que me diz mais do que suas palavras. Dói muito, mãe. Dói muito.
Quando estou chegando queria ver você me esperando na porta, e na sua ausência encontro você na minha alma calejada pelo arrependimento de tantos momentos de amor e carinhos que deixei esquecido no seu colo e nos seus braços, como se você fosse eterna e um dia qualquer, eu pudesse voltar e pedir perdão e Receber tudo aquilo que me oferecia. Mas digo uma coisa, mãe: Você viverá na eternidade dos meus dias.
Perdõe-me.