O POMBO E O POETA

Todos os dia vem, assiste meu poetar

meu companheirinho de sol ou de chuva,

penso que ele só me tem como amigo,

não é bom ter só um, especialmente quando é poeta

assim como eu, tem dias de alegre e dia de triste.

No nosso diálogo sem palavras, ele me conta do mundo de penas

eu lhe conto do mundo de pele sem me deter nos detalhes.

Não é bom decepcionar os pombos, sensíveis na sua plumagem.

Todos os dias me traz uma gota de orvalho nas asas,

e eu que nunca vejo a madrugada, recebo seu aceno no gotejo,

ofereço-lhe em troca um reflexo da noite nos meus cabelos,

que ele sorve extasiado, já que não vive na noite...

E neste eterno aconchego, pombo poeta, poeta pombo,

somos dois a sorrir, a chorar, na sintonia

perfeita de quem sabe amar.

Arabela Figueiró
Enviado por Arabela Figueiró em 31/12/2010
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