O POMBO E O POETA
Todos os dia vem, assiste meu poetar
meu companheirinho de sol ou de chuva,
penso que ele só me tem como amigo,
não é bom ter só um, especialmente quando é poeta
assim como eu, tem dias de alegre e dia de triste.
No nosso diálogo sem palavras, ele me conta do mundo de penas
eu lhe conto do mundo de pele sem me deter nos detalhes.
Não é bom decepcionar os pombos, sensíveis na sua plumagem.
Todos os dias me traz uma gota de orvalho nas asas,
e eu que nunca vejo a madrugada, recebo seu aceno no gotejo,
ofereço-lhe em troca um reflexo da noite nos meus cabelos,
que ele sorve extasiado, já que não vive na noite...
E neste eterno aconchego, pombo poeta, poeta pombo,
somos dois a sorrir, a chorar, na sintonia
perfeita de quem sabe amar.