O SOL, O POETA E O POMBO
Num dia de sol assim não se deve pensar demais,
num dia de sol assim sinto que Deus existe,
e vejo a incoerência de ser triste,
sacudo de mim a tristeza, afasto a guerra
canto um hino de paz.
Num dia assim, deve-se fazer amigos eternos
que nos tragam o gosto da primavera,
numa taça de cristal
Olho o dia do alto da minha janela,
namoro a doce atmosfera que me invade,
e noto o pombo, sorvendo o mesmo ar embevecido
ele me percebe, nossos olhos se encontram,
eu lhe pergunto: Merecemos esse presente?
Ele inclina a cabeça e é como se respondesse:
mereço, porque inocente, você porque poeta.