MOINHO DAS SEMELHANÇAS
Malhada, a gata serelepe, arrasta-se, apavorada com a presença do cão bravo. A rigor, ela é uma “malhartixa”... Sobe paredes e teto. Escura, listras da cabeça ao longo rabo. Ancas gordas que nem um contrabaixo de cordas da escola de música. Quando está moída de medo, acachapa-se que nem uma tartaruga (peluda) ou um tatu de cemitério em vigília... À ocorrência de ameaças e temores vários, sua natural caixa de música não emite miados, o som que produz é esganiçado que nem um bambu tocando em dia de vento. Ou melhor, uma cana-de-açúcar destilando doçuras na mó do implacável moinho das semelhanças.
– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/2701565