Preâmbulo
O Lamento de um Vampiro
Não há clamor que me impeça de seguir o meu caminho
E nem mais amor que me resgate dessa sede!
O que era o Bem em mim agora jaz sob este túmulo...
Sob este escuso mármore que beijo...
Sobre o qual deitarei meu pesar eternamente...
A minha dor é tudo que não me usurpa o tempo!
E o meu caminho que sigo só...
Pois só os que negam a vida por um desejo cúpido merecem tal infortúnio!
E só nas mais escuras noites me exponho, e tão mais escuras serão estas noites sem ela...
Nela que o mais breve sorriso iluminava o mundo,
Nela que a lívida pele era uma navalha de pureza...
E cada fio de cabelo ondulante, cada pestanejar era um breve espetáculo...
Ela toda...
Ela...
A única que não me permitir tomar...
A única por quem eu sofri ao ver os dedos do tempo se dobrarem
Roubando tão copiosa juventude...
Nela, onde a vida era uma perfeita valsa para dois...
Eu sou aquele em que o belo e bestial se fundem numa melancolia sem-par...
Enegreço as rosas que lhe trago e lhe oferto as rosas que ninguém mais tem...
Tão perfeitas e que contrastam com todo esse sangue vertido dos meus olhos...
Que brotam destes como as lágrimas que nunca chorarei...
Pois que eu sou a mais vil das feras...
A mais abjeta criatura!
Eu não honro a vida eu a destruo...
A mais dispendiosa obra de Deus...!
A minha própria vaidade me condenou
O conhecimento zomba de mim...
Mas não há na Terra quem me desafie sem medo!
A grande benção maldita, o mais perverso presente...
Permite-me ser incorruptível no espaço e no tempo.
Posso contar a vida toda que passou sem jamais vivê-la nem senti-la...
Como este vento que enaltece minha dor cobiçando minhas lágrimas maculadas...
E me recordo da imensa teimosia e sua ânsia que implorava seguir comigo tão tenebroso itinerário... E em lágrimas implorando a tão completa condenação a que sou tão adverso...
Eu não poderia... Tu serias minha serva quando eu deveria te servir...!
F.R.S.M