Sou filho de Iemanjá. É o que dizem.
E filho de Maria. É o que se supõe.
Filho de Deus. Muitos creem nisso.
Filho da vida que invento. Isso se presume.
Ou um filho da puta. Muitos querem isso.
Talvez filho de uma tristeza infindável,
filho predileto dessas horas absurdas,
ou talvez do silêncio das horas solitárias
em que todas as palavras não me definem.
Filho daquela que jaz em paz na terra
e que sei que nunca mais irei ver.
Sou um filho qualquer de mulher,
filho do homem que a mulher quer.
Repito que sou filho das palavras
e também do silêncio e da idéia
mal fundamentada que se tem deles.
Do sol que irradia essa vida que não sei.
Talvez eu seja só um filho da lua por ser
lunático paranóico crônico...
Filho de uma saudade que já é tanta
muito maior que a saudade de tudo
ou de qualquer saudade que eu tenha.
Sou filho de algum amor que nem me adivinha,
mais possível que eu seja filho da dor,
daquilo que ia e daquilo que vinha.
Do mar, dos rios e cachoeiras, das estradas...
Sou filho de cada coisa que era tua
e da tua paixão que era minha.



Praia Grande-SP, em 24/12/2010
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 28/12/2010
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2695417
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