DIVAGAÇÃO DIONÍSICA

E o cálice por três vezes transbordou

O líquido vermelho a Baco dedicado

Em êxtase ninfas e seus pares entregam-se ao prazer

É a sutileza das entregas regadas a vinho

E despossuídos da moral castrante nada se lhes impede

E corpos suados e sussurros sussurrados

Libidinosamente sob a benção de Dionísio

Consuma-se em orgias sacras o prazer desmedido.

Ao banquete adoráveis mortais!

Saciam a custa da plateia faminta

Que em obediência ao deus igualmente venerado

Por governantes ou mesmo pastores

Entregam ao primeiro que chega

Suas vidas santificadas pelo “É dando que se recebe”.

Ao banquete insignificantes mortais!

Nada se lhes apraz mais do que servir ao mistério

Pois sob promessas nunca comprováveis

Em vida compra a prestação um lugar no paraíso.

Assim amoralmente ciente do que decidido

Levantemos a taça, e cultivadores da alegria em toda plenitude

A Dionísio saudemos.

Viva a vida!

Viva ela em toda sua grandeza

Vivemos a grandeza da vida

A vida em sua grandeza vivemos.

Ah, as bestas reverenciadas

E em púlpitos vozes enganadoras se multiplicam

E no salão à espera do milagre

Fiéis em verdades fabricadas

Exaltam aos milhares sempre dispostos

Feitos narrados em proza vesícula

E tudo se garante porque se trata só de fé.

E à alegria por Dionísio

Minha taça levanto.