Naquele templo, meu tempo
Naquele templo, meu tempo
Lá naquele lugar onde as colunas ruíam, há um perfume exótico que até hoje me embriaga. Lembro-me da foice na jugular, e sinto o calor que escorre mas há algo de estranho no sangue que vejo, ele me tinge de azul. E todos os campos colorem-se escurecendo seus verdes, do limão ao musgo tão lentamente que até me parece que ha alguém pintando.
E neste instante, a unidade da vida se faz rio, despedindo-se por fim enquanto escorre quente para fora de mim. A pele que ora me cobre, era mais morena, os cabelos eram mais escuros, mas o sorriso era o mesmo, embora algo de triste vivesse nele naquele tempo também.
Vejo os tecidos, sinto-os por entre meus dedos. Sou então tomada por uma rebelde e feroz vontade de rasgá-los, numa insana tentativa de por para fora um tanto de carne...
Mas a visão agora, turva-se, e eu, desmaio em mim.
Acordo novamente em outro corpo. Será que isso jamais terá fim?!
Hoje mais que ontem sinto as colunas ruírem, e ainda mais machucado que nunca, ainda pulsa fraco...e este respingar lento, pulsa, pulsa, pulsa melancólico! e irremediavelmente catastrófico, sangra miseravelmente.
Molhando-me apenas a mente e os olhos de quem risca estas palavras assim, desesperadamente.
Márcia Poesia de Sá