Mãe Roceira

Mãe roceira foi minha mãe!

Que sempre viveu na roça e que,dentro de sua pobreza e de seu corpo fragil de mulher, conseguia carregar todo amor do mundo em seu pequeno coração.

Que trazia o M de mulher e o M de mãe junto aos calos de suas mãos, conseguidos junto ao eito,pelo cabo da enxada e do enxadão, para que, aos seus filhos, nunca faltasse o pedaço de pão.

Que levantava antes do galo cantar, para acender o fogão de lenha e preparar o caldeirãozinho de comida que o meu pai levava para a roça como seu almoço.

Que rezava ajoelhada oas pés da imagem da Virgem Maria, para que nada lhes faltasse em dia algum e ela tinha certeza plena de que "a outra Mãe ouvia"

Que trazia no seu olhar de compaixão toda pureza de sua humildade.

Que não se envergonhava de suas rugas e nem de sua pobreza.Nem mesmo dos remendos de suas roupas em que mal se conseguia reconhecer o verdadeiro tecido.

Que se mostrava ser a maior artista, equilibrando seu feixe de lenha sobre o coque, em cima de sua cabeça.

E, quando a tarde levava o dia, trazia, em seu rosto incansável de mãe o sorriso mais lindo do mundo.

E, nas noites, antes de rezar o terço, se transformava na mais ilustre e sábia das mulheres, fazendo do mundo um livro aberto, onde as lições eram decoradas com a palavra educação em seu sentido pleno.

Hoje, ela não nos reconhece e não sabe mais quem sou.

Mas eu lhe digo, minha mãe: você é a minha mãe, mãe da minha vida, do meu coração e não precisa nunca mais ter medo, pois cuidarei sempre de você, como, um dia, também de mim cuidou!

Moscospki
Enviado por Moscospki em 20/12/2010
Reeditado em 07/04/2012
Código do texto: T2682261