Chove
Diário de uma solitária
Chove... Olho ao meu redor e me vejo nua. O tic tac do relogio bate tic tac, tic tac, tic tac.
É sábado e chove uma fina chuva primaveril na minha noite restrita.
Transporto-me ao passado e me sinto esquecida como uma imagem petrificada num quadro remoto, perscrutando a aquarela da vida.
Olho para o futuro e o que vejo não consigo esboçar, o futuro é apenas um momento que sabemos que nunca chegará, porque tudo é passado, como é passado a hora que esse segundo termina.
Volto ao meu redor e o ventilador gira, espantando a poeira do quarto e me faz espirrar! Sinto uma dor, uma tênue angustia de se ter errado de estar sempre só, conflitando versos que a circunstancia grava.