Silêncios ...

 



Só o que nos restou foi o silêncio,

O silêncio que fizemos tentando nos enganar que ainda existia amor.

Fomos a história mais bonita, contando cada instante em que vivemos juntos, parece mesmo que possamos seguir adiante, mas de repente o silêncio é tão gritante.


Fomos um pouco mais do que sonhamos que seríamos e levamos a sério cada sentimento que para nos foi tão importante.


Construímos sonhos e eles foram mais que estrelas e mais que lua a nos guiar quando a escuridão nos tomava e nos distanciava sem avisos...


E numa dessas noites escuras, não houve mais pedidos de perdão, nem choro, nem lamentos., apenas silenciamos, sem confrontos.


E tudo pouco à pouco foi ficando opaco, entristecido. Os nossos risos, os nossos momentos à dois deixados pra depois e esse mesmo adeus sendo adiado, uma vez mais por tantos anos...


E hoje, apenas hoje, percebo que há mais lugar nos meus armários e que de repente a cama está tão grande, e o controle remoto está sob meu controle e a garrafa de vinho nunca fica vazia, sempre fica pela metade. E já não há tristeza, nem vestígios seus, nem saudade, apenas constato o silêncio que fica quando tranco a porta, e sob a luz do abajur consigo concluir a leitura do velho livro de poesias, que sempre tomavas das minha mãos me querendo.



Cristhina Rangel.



(Da série Cartas)


Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 17/12/2010
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