Passeio noturno
Eu passeio à noite, familiarizada com as trevas, buscando proteção na escuridão, que esconde meus segredos e minhas feições. Os longos e negros braços do escuro me acolhem, dão-me guarida, escondem-me daqueles que eu não quero que me vejam ou ouçam. E eu estou só, absolutamente sozinha, livre para me sentir triste e dar vazão a meu desalento, sem necessidade de dar sorrisos forçados para que ninguém fique sabendo a dor que guardo em meu íntimo. No escuro, eu posso me esconder e posso ser eu mesma, sou a Princesa da noite, abençoada pela luz prateada e suave da lua, observando as límpidas estrelas, a negra roupa que uso esvoaçando nas trevas. Oh, eu não quero que amanheça, porque eu quero expressar a dor insana que corrói meu espírito. quando amanhecer, terei que fingir novamente, não poderei me mostrar nem revelar meu rosto, ou me chamarão de louca. Oh, o que farei? Não posso me esconder para sempre nem me disfarçar. Não poderia a noite durar para sempre, para que eu nunca mais tivesse que usar uma máscara?