RA RA RA RÓ RÓ RÓ ELA TEM É UMA SÓ

Baratinha simpática esta, que passa por mim quase garota de Ipanema a caminho do mar...

Nada especial - preta, cascuda, perna peluda - não fosse o andar tranquilo ao lado do chinelo calçado em meu pé.

Talvez seja a barata de Kafka vitoriosa por se desvirar, talvez ela saiba do nojo que tenho de suas tripas, prefiro vê-la caminhando próxima, a ter seus fluidos sujando meu chão. Vai baratinha, tome o rumo da porta e estará tudo certo; confesso minha maldade, passei veneno nas entradas ontem, mas se você está aqui, ou o inseticida não tem mais efeito ou você é inquilina antiga e já tem morada fixa com família e tudo; ainda assim, não me perturbo, sua hora há de chegar como a de todo mundo, mas olha que privilégio, estimada barata, ficarás imortalizada neste texto nascido em madrugada sonolenta; ora ora não pense que estou aqui e que falo de ti por falta de tema ou por solidão; os temas borbulham em mim e minha agenda está sem espaço, no entanto, achei curioso eu (mulher) observar você (barata) com benevolência, sem qualquer pestanejar de uis ou credos.

(hunf)

Boa noite baratinha, renovo a espreizada desejando-te 'o maior barato'!