Inexistente

E como se não bastasse o teu silêncio a romper a barreira do som,

em minha alma, vi, na tua retina, a dureza do teu coração.

Chovia lá fora. A noite era iluminada por pesadelos e relâmpagos e eu mal podia acreditar no adeus que tua boca não dizia.

Olhei para a tv, para a sala vazia, para meu ser ausente de mim. Havia tanta matéria que te compõe ocupando meus espaços...

Lágrimas vieram, escorregaram pelos meus vãos e invadiram a dor daquele momento.

Havia poesia naquela noite. A poesia triste da esperança que se vai. A poesia que se parte em sobras e pedaços. E o que restam são os rabiscos acinzentados da história que nem chegou a existir.