NO BAR
"A vida é cheia de decisões difíceis", diz - em inglês - o anúncio de cervejas num cartaz na parede de um bar.
Entrementes, casais conversam, se entreolham, se iludem, e eu reflito, aflito, imerso em meu conflito.
Decidi! Não vou decidir; é muito difícil.
A cerveja, o torpor, os sons, a luz, os transeuntes que passam decididos.
De quê?
Vejo um homem no fim, revi seu passado e eu me vejo em si.
Ensimesmado, serenamente atônito, catatônico, reticente.
E a vida passa.
Mais um gole; e a canção me fala de coisas do coração.
Djavan; é vã minha intenção.
Sou o que sou, desvio o olhar, desvio a vida, desvio o que sou.
Preciso ir, prosseguir, mesmo sem decidir.
Sem torpor, sem cerveja, sem pessoas talvez.
Preciso ir.