TRIBO CITADINA

Moro no segundo andar. Noite sem lua. Meus três gatos olhando para o largo jardim e a rua à frente, como quem está numa ilha sem nenhuma alma por perto. Acho que – para eles – eu sou o mar que os impede de ir além. Afinal, o mar é tão tempestuoso como a palavra dentro de mim. Porém, os olhos nos irmanam. Para além das órbitas, delineia-se a mansa brisa Liberdade. Enfim, para aquém do universo dos signos, há quatro náufragos no hostil asfalto.

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/2661566