ENGOLIDA PELO TEMPO

ENGOLIDA PELO TEMPO!!

Se não poetizo, morro! A poesia está em mim... Exalo poesia...

Passo mal se não a escrevo, se ela foge de mim ou, se a perco de vista.

Então, tenho passado mal. Não tenho mais tempo de passar para o papel minhas impressões sobre o cotidiano. Meu viver, meu sonhar...

Meu observar as pessoas-personagens reais dessa vida que tanto gosto.

Gosto de pessoas!

Sonho muito todos os dias. Anotar? Amanhã faço isso. Quando me apercebo, amanhã virou um mês.

Antes, até andava com um caderninho na bolsa para quando a inspiração chegasse...

No metrô, na rua, no banheiro, no mercado, no topo da montanha...

Ah! E aquele assunto que gostaria de dividir, compartilhar com algum amigo ou a pessoa amada? Desista! Pode ir acumulando. As emoções já passaram...

Hoje é um novo dia!

Se quiser explodir, chora um pouquinho e, amanhã, você é outra menina.

Não tenho mais tempo...

Sem tempo de conversar com aqueles que me são caros. Raros...

Sem tempo de ler o novo livro que comprei. Chorei...

Assim, tão sem tempo, deixo passar a frase certa, a rima certa, a data certa, aquele manuscrito que ainda está comigo na minha mente, no meu coração, ansioso como rebento querendo nascer.

Que ironia minha poesia!!! Porque a amo, mas não cuido de você. Não me abandone por isso...

Recife, 28 de novembro de 2006.

Fátima Arar
Enviado por Fátima Arar em 08/12/2010
Código do texto: T2660864