O que é um negro?
Ei você, venha cá!
Diga-me o que é um negro?
É um ser sujo e burro,
como sempre lhe disseram ser?
Ou um super macho
de cacete incrível?
Uma fêmea de buraco quente
derretendo tudo dentro de si?
Um escuro de nariz achatado,
fechando o punho levantado,
mostrando o beiço exagerado,
um africano puro, não misturado?
Uma cara preta é o que é?
Ser negro de alma negra?
E os africanos aclarados,
nariz afilado, e cabelos ondulados?
Diga-me lá, o que são?
Pardos, mulatos, morenos,
branco morenos, brancos aloirados,
quando incomodam, uma coisa são:
“Pretos! Negros Safados!”
“Filhos quiçá do diabo,
apenas um pouco disfarçados,
para melhor enganar.”
“Não fogem do velho ditado:
Na entrada ou saída cagar.”
“Pretos” quando incomodam
e não sabem seu lugar.
Um negro é oprimido
não importa a cor ou matiz,
descendente de africano
escravo construtor do país.
Pele preta então não é!
Preto foi o braço que escravizou,
a mando do escravocrata
negro capitão, o quilombo arrasou.
Caras pretas pedem: “Votem!”
“Para podermos subir.”
Mas o que fazem?
Senão sempre pedir!
Ser negro de alma negra,
não está na cor
nem no sangue,
está no pensar e agir.
Na luta pela afirmação
do negro brasileiro
está a força do
negro brasileiro país.
Publicado no 1º. Cadernos Negros 1978
Em 1978 lançamos o primeiro volume da série CADERNOS NEGROS, com oito poetas, em formato de cooperativa, publicado em formato de bolso com 52 páginas.
Reunia novos e velhos autores. Foi um grande lançamento em São Paulo, distribuído para poucas livrarias. Circulava de mão em mão, às vezes com mais de 20 leitores.
Esse primeiro volume foi analisado por críticos literários estrangeiros, em 1979, foi montada uma peça em Paris, baseando-se em poesias do livro.
Existe até hoje a proposta dos Cadernos Negros. Tem mais de 30 livros publicados, um por ano. Acredito ser um marco na história da literatura a longevidade da publicação.
Por que esse poema hoje?
Este final de ano, estive na festa comemorativa do Quilombo de Palmares, na Educafro São Paulo entidade que tem á frente o Frei David, franciscano, que reúne “pessoas voluntárias, solidarias O objetivo geral da EDUCAFRO é reunir pessoas voluntárias, que lutam pela inclusão de negros, e pobres em geral nas universidades.”
Dois candidatos negros, estavam presentes para agradecer sua eleição:
O Deputado federal Vicentinho do PT/SP, reeleito ex-presidente da CUT, e a Deputada estadual Leci Brandão, cantora e defensora da cultura de raiz.
Nesse tempo, idéias mudaram comportamentos.
O Deputado Vicentinho, advogado, foi aluno da Educafro.
Ei você, venha cá!
Diga-me o que é um negro?
É um ser sujo e burro,
como sempre lhe disseram ser?
Ou um super macho
de cacete incrível?
Uma fêmea de buraco quente
derretendo tudo dentro de si?
Um escuro de nariz achatado,
fechando o punho levantado,
mostrando o beiço exagerado,
um africano puro, não misturado?
Uma cara preta é o que é?
Ser negro de alma negra?
E os africanos aclarados,
nariz afilado, e cabelos ondulados?
Diga-me lá, o que são?
Pardos, mulatos, morenos,
branco morenos, brancos aloirados,
quando incomodam, uma coisa são:
“Pretos! Negros Safados!”
“Filhos quiçá do diabo,
apenas um pouco disfarçados,
para melhor enganar.”
“Não fogem do velho ditado:
Na entrada ou saída cagar.”
“Pretos” quando incomodam
e não sabem seu lugar.
Um negro é oprimido
não importa a cor ou matiz,
descendente de africano
escravo construtor do país.
Pele preta então não é!
Preto foi o braço que escravizou,
a mando do escravocrata
negro capitão, o quilombo arrasou.
Caras pretas pedem: “Votem!”
“Para podermos subir.”
Mas o que fazem?
Senão sempre pedir!
Ser negro de alma negra,
não está na cor
nem no sangue,
está no pensar e agir.
Na luta pela afirmação
do negro brasileiro
está a força do
negro brasileiro país.
Publicado no 1º. Cadernos Negros 1978
Em 1978 lançamos o primeiro volume da série CADERNOS NEGROS, com oito poetas, em formato de cooperativa, publicado em formato de bolso com 52 páginas.
Reunia novos e velhos autores. Foi um grande lançamento em São Paulo, distribuído para poucas livrarias. Circulava de mão em mão, às vezes com mais de 20 leitores.
Esse primeiro volume foi analisado por críticos literários estrangeiros, em 1979, foi montada uma peça em Paris, baseando-se em poesias do livro.
Existe até hoje a proposta dos Cadernos Negros. Tem mais de 30 livros publicados, um por ano. Acredito ser um marco na história da literatura a longevidade da publicação.
Por que esse poema hoje?
Este final de ano, estive na festa comemorativa do Quilombo de Palmares, na Educafro São Paulo entidade que tem á frente o Frei David, franciscano, que reúne “pessoas voluntárias, solidarias O objetivo geral da EDUCAFRO é reunir pessoas voluntárias, que lutam pela inclusão de negros, e pobres em geral nas universidades.”
Dois candidatos negros, estavam presentes para agradecer sua eleição:
O Deputado federal Vicentinho do PT/SP, reeleito ex-presidente da CUT, e a Deputada estadual Leci Brandão, cantora e defensora da cultura de raiz.
Nesse tempo, idéias mudaram comportamentos.
O Deputado Vicentinho, advogado, foi aluno da Educafro.