Medo

Pessoas ainda me assustam.

Assusta-me a crueldade que algumas pessoas trazem em si, algumas implícitas e outras claramente expostas com um orgulho de quem carrega um troféu.

Assusta-me atender a atenções de intenções que eu nem ousaria imaginar e que acabo atendendo.

Tenho medo de quem me pergunta na mesma frase sobre o mais grave que vivo e conta das brincadeiras do seu bichinho de estimação.

Também me assusta admiravelmente escutar um monólogo enfadonho sobre sexo de gosto duvidoso, no qual o interlocutor pensa estar me agradando, mesmo sabendo o quanto preciso me enveredar por caminhos desconhecidos, mas essenciais.

Assustam-me pessoas que me enviam mensagens nas madrugadas falando sobre suas paixões, e quando apenas quero dizer um olá, sou recebida com grosserias descabidas.

Tenho pavor de saber que muitas pessoas querem que as outras morram literalmente.

As pessoas, com suas posturas bondosas, apavoram-me mais que as que ignoram tudo além dos seus umbigos, pois estas não escondem maliciosamente pensamentos negativos, não, são óbvias demais!

Tenho medo de lisonjas por ser uma forma velada de impedir que alguém cresça, melhore realmente.

É por isto que sempre amarei a cena final e sempre me apaixonarei pelo enredo.

Os personagens jamais me atraíram; são atores que se despem de seus papéis e que tranquilamente viram fumaça diante do próprio reflexo.

É por medo que não quero continuar nesta constatação diária do que muitas pessoas são capazes em seus mundos, que na verdade não passam de cavernas obscuras.

Mas o que mais me assusta de fato sou eu mesma, que uso parte de um tempo que já não tenho, para atender estas pessoas, me enamorar por elas e doar aquilo que pego por empréstimo e satisfazê-las.

Gente... Muitas me assustam ainda!

Tua foto de uma fotonovela antiga me encanta profundamente, mas que pena, não me engana...