Até quando?

Até quando vamos ficar sangrando por feridas que jorram sofrimento e solidão?

Vamos chorar lágrimas que não são nossas,

que se confundem com sangue

e quem as provocam são nossos próprios irmãos

Ate quando vamos enterrar nossa esperança

e lacrar o que não se tem mais valor?

Passar por cima da ética, sorrindo de outra dor

Vamos magoar quem nos ama e proteger quem condena

Fortalecer o império mais derrubar como torre gêmea

Vamos excluir os desfavorecidos

e zombar das suas deformidades

Poluir o quintal do outro e limpar o nosso com hipocridade

Lutar com luvas de ferro

contra alguém com queixo de vidro

A desculpa só no medo e o medo só na culpa

Ficar com o que se foi perdido

Comer a lavagem que nos ordenam e chacotear os que têm fome. Atuar roubando a cena

o protagonista o próprio homem.

Levantar a voz pra quem mais nos ama.

Abusando de que menos pode.

Extraindo leite negro de uma mama

ensacando e vendendo em lote.

Vender céu, vender terra

Vender filho, vender pedra

Barganhar uma vida em troca de papel

Escravizar a abelha

e vender pra ela seu próprio mel

Lembrar de alguém somente em datas.

Deslumbrar de glória

por elogios que com o tempo são modificados

Minha raça vira-lata

Meu pedigree adulterado

Nem mesmo a água pureza me passa

Nem mesmo o céu infinito vejo

Em nosso corpo a peste se alastra

O sexo começa pela mão e não mais pelo beijo

Os bens avaliados valem mais que uma vida

Qualquer nota logo se nota

mostrando ao preso uma saída

Que bom seria se mostrasse a ele a saída do pecado

Até quando meu Deus

vamos achar que estamos vivos?

Se já estamos enterrados.

Luís Augusto Moura

Luís Augusto Moura
Enviado por Luís Augusto Moura em 06/12/2010
Reeditado em 08/03/2015
Código do texto: T2655686
Classificação de conteúdo: seguro
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