Futilidade e tristeza

I

Gastei todo o meu tempo esperando

Por uma possível segunda chance,

Que me fizesse refletir...

Será que está tudo bem?

Ou estou apenas sonhando?

Contudo, deve haver uma razão, um motivo,

P’reu me sentir bem com essa minha ilusão,

Esse meu sorriso.

E nesse caminho,

Sei que no final tudo acabará bem.

Porém, se eu perder tudo ao final do dia,

Ohh... Me destraia com algo,

Que eu goste, por favor,

Não me negue essa última súplica de dor,

Mesmo que eu perca os sentidos.

Mesmo que a vida me deixe vazio.

Mesmo que sintas sede ou frio,

Não me negues nada, nem me deixe só,

Pois não o farias assim.

Apenas olhe pra mim,

E eu encontrarei a paz que me fará melhor.

Por fim, Secreto-te pesares...

Somente assim tu saberás

Que morri...

Sem paz.

Sem dor.

Sem fé.

feliz.

II

Já não sofro mais a dor dos homens,

Vejo agora tudo o que perdi.

Não foram apenas bens,

Mas, a história de uma vida inteira,

Que por não aproveitá-la, foi-se ligeira,

E por falta de esperança,

Esvaíu-se por minha mente e veias.

Agora, sem pensar em nada,

Deixo me levar nos braços de alguém,

De um anjo talvez,

Que assim me fez rara calma e paz.

Foi-se a vontade, e assim, o texto...

III

Não sou dono de mim,

Mas de uma força maior a qual me rendi.

Banalizações não mais.

Sinto-me nas nuvens e não sinto nada,

Sentimentos tais,

Que nessa nova estrada,

Não me remetem tanta escuridão e frio,

Apenas alivia-me o masoquismo

Nada mais sinto.

Óh, perdão, minto,

Ainda carrego o carma de ter morrido,

Não pela própria sutileza inevitável da morte,

Não por falta de sorte, ou perigo,

Mas pela frustração e tristeza

De um quarto de hotel sujo e frívolo.

Por menos, não me julgues,

Nem culpes alguém quão infeliz,

Saibas que me odiando,

O rancor tomará teu peito

E serás como eu.

Sincera e indubitavelmente,

Herdará a ignorância e todo o lixo,

Que um dia foi meu.

IV

Abandono eu, agora, parte da rapidez que até então usava em versos. Descreverei, contudo, os mínimos detalhes durante meu derradeiro, o que sentia e como agi. Não leve a mal a impessoalidade e frieza com que menciono meus últimos momentos de vida, não saberia e nem haveria outras formas tão concisas para falar de mim.

Lembro-me, que naquele dia, parecia estar diferente, não só eu como os outros, as coisas pareciam tão mórbidas e meu pensamento tão distante, que resolvi voltar para casa - não sei se era bobagem, mas achei melhor assim. Em quaisquer momentos de minha vida, até os de solidão, preferia recatar-me a magoar ou entristecer alguém. Sinceramente, eu era infeliz e fútil. Pena que somente depois de perder tudo o que tinha é que pude perceber isso, uma vez que, apenas após minha morte eu realmente dei valor às pessoas e a vida.

Irônico, não é mesmo?!

V

Findo essa agonia ciente das coisas que escrevi. Lembrem-se, tudo proveniente de uma vida só e sem um resquício de amor recíproco. Pois não pense você, caro leitor, que fui um homem incapaz de amar. Ao contrário do que parece, o rancor que carrego, se dá por conta de duas paixões frustradas – creio eu que eram amor. Uma, que foi totalmente ilusão e, a outra, nem tanto, diria que um sonho meu. Afinal, não controlamos aquilo que se passa no coração. Simplesmente aceitamos.

Logo, não me defina como um amargurado amante, mas sim como um amante amargurado, que sonhou, foi feliz em alguns momentos, de fato, amou, se entregou à vida e, por conseqüência, morreu só...