IMPRESSÕES
Val-Larbacky

Como dois barcos que saem na alvorada do porto, em busca da amplitude dos mares, eles flutuam nas folhas secas do chão da nossa rua. Rua tão nossa, tão deles; tão do amor. Do amor aberto como pode ser: entre o muro e a máquina inerte e fria, entre os sussurros dos seus lábios e o barulho quente das máquinas que passam e abafam o belo som dos seus beijos; entre a suavidade da brisa e a perdida bruma que se espalha sobre nosso bairro; entre a incerteza e a esperança de crescer no amor.

Eles ali, absortos em seu amor; aparentemente alheios ao mundo que os cerca, mas atentos a tudo: aos curiosos olhares dos que passam e aos indiferentes passantes que não olham para ver como é belo aquele amor que aflora ao luar, como o Sol que desperta no horizonte para aquecer um novo dia.

Mas nem todos são indiferentes à beleza: a árvore, que lhes fornece a penumbra, canta pela voz da brisa, no chinchilhar das suas folhas; a cigarra não faz por menos e solta seu estridente sonido.

E passa o poeta e o olhar do poeta parece ser a única coisa que desnuda os jovens amantes. Eles se sentem importunados, desorientados na inquietude borbulhante de seus jovens corações.

E distancia-se o poeta e eles voltam a se afagar entre o luar e as folhas, e o muro e a máquina inerte e fria...

... E o poeta transpõe suas impressões.
Val Larbacky
Enviado por Val Larbacky em 03/12/2010
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T2651766
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