Quando

E se escreve, porque se resiste e porque se insiste no que nos revela e salva. No que nos faz permanecer acordados na hora em que o sono é urgente; No instante mais recente e no mais extremo.

E se escreve, quando é de novo e quando é novamente. Quando é crescente o raciocínio, cuja trajetória sangra, quando se desmembram as partes que parcelam o todo. E o todo, sempre, tão ausente.

E se sente, porque se fazem evidentes os símbolos intrínsecos nos questionamentos.

E se vive, entre soluços alheios e risos compridos.

E se descobre, que é oblíqua e é contente, a palavra, que inserida no contexto que lhe fere, anuncia entre as almas e os assuntos, a nominal frase que não diz, mas especifica e reabre o verbo de estado, aquele que liga o nome ao ventre. E nos responde, como se pudesse ser e estar no presente.

O que se grita, se venera, jamais se incendeia.

O que se esquece, se garante, guardado, mesmo que esquartejado entre os dentes.

E se enlouquece, na fila de entrada da escola, na beira da praia, ao lado da avenida, da igreja reluzente, entre buzinas, sussurros e sinetas e sinos. Em meio e no princípio do recomeço.

Todavia, se esqueço, eu pronuncio cuidadosamente o nome que me falta, o que me escapa igual ar quando escapa da mente.

E se mente.

Em: 02/11/2010

Tânia Fonini
Enviado por Tânia Fonini em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2651159
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.