O poema, o poeta e o verso

[procure algo na despensa. Ache. Dispense]

(pense algo pra dizer pra ela. despense)

[o poema ainda não começou. impaciente-se]

{recite como que possesso pelo vento}

Agora

<começo_do_poema>

O poeta é o veneno em pó.

Macarrão instantâneo de sentimentos,

Misto quente de agruras

O poema é uma salada de flores

Ou de fedores, calores...

O poema é a recusa do não ser bem.

O poema é a chegada do nada. [rufe tambores, ouça-os.]

E o poeta, ele sim

É um compacto de ausências

Um long play de tristezas

Ou de felicidades...

Um filme de não-acontecimentos

Banquete de desejos.

(...) [pausa. coe café. beba.]

O verso é o mofo, o encardido.

O ao avesso...

A crosta de sujeira na panela,

A fuligem.

[deteste o poeta a gosto. regurgite o poema. descarte o verso.]

(tempere o ódio)

O poema, o poeta e o verso

São um prato de carne mal passada

mal comida

mal amada

Maldita.

Você ainda gosta de poesia?

Tem certeza?

{se arrependa.}

</fim_do_poema>

Gustavo Alvaro
Enviado por Gustavo Alvaro em 02/12/2010
Reeditado em 02/12/2010
Código do texto: T2648822
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