De Menino A Homem
14h.15'. Hoje, exatamente nesta hora eu vim ao mundo. Cheguei feio e pequeno(cabia confortavelmente numa caixa de sapato). Segundo comentário geral das enfermeiras: com poucas chances de vida. Mas com certeza muito feliz, pois cheguei acompanhado de um irmão, que me chutara durante os nove meses e que dividira comigo o quarto e sala na barriga da minha mãe.
Sobrevivi, não sei se por feiúra ou bravura. Na infância, enquanto meu irmão fazia suas travessuras(“roubava” frutas no quintal do vizinho), eu, costumava brigar com toda a garotada da rua.
Gostava de dias de chuva, e quando o sol aparecia, era tempo de bolinha de gude, soltar pipa, brincar de carrinho e correr atrás de tanajuras. Recebi carinhos dos meus pais e dos meus avós, que moravam em cima da minha casa. A lua naquele época já me encantava, mas ainda não gostava de uma rabo de saia.
Por volta dos meus 10 anos fiz minha primeira comunhão e minha primeira rebelião: decidi não usar roupas idênticas a do meu irmão. Fui campeão de futebol de botão. Arrumei um amigo e companheiro: um violão. Ouvia canções do Beatles , Nat King Cole e Roberto Carlos.
Na adolescência freqüentava as “domingueiras”. Momentos de dançar de rostos colados e de muitas namoradas. Tomava cuba- libre e Hi- fi, e achava que sabia demais. Passava as férias de julho e de verão em Guarapari, com reuniões com amigos e muito banho de mar. À noite, sempre tinha algo para festejar.
Na faculdade aprendi a ter responsabilidade e a viver com mais seriedade. A medicina me ensinou muitas coisas, principalmente a entender um pouco da alma humana e minhas limitações. Grande lições tenho recebido durante esses anos que exerço a pediatria (estou cada dia mais criança).
Na psicologia encontrei a calma interior. Com a vida aprendi a fazer versos e brincar de ser poeta. Posso dizer que tenho doses certas de felicidade e amor.
15/10/2006